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set 18

Novena preparatória para a Festa da Padroeira: Nossa Senhora das Dores

Por não termos quase nenhuma intimidade com documentos de nossa Igreja, muitos, com certeza, estranharam a intenção de Pe. João Rodrigues de Paula ao delinear como reflexão nos 09 dias da Novena de Nossa Senhora das Dores, nossa Padroeira, o documento do Concílio do Vaticano II “Lumen Gentium” ou “Luz dos Povos”, mais precisamente o Capítulo VIII, quando o mesmo destaca a importância de Maria no Corpo Místico de Cristo, bem como no Mistério da própria Igreja, dando-lhe o título “A Bem-Aventurada Virgem Maria Mãe de Deus no Mistério de Cristo e da igreja”. A isso vale ressaltar o processo de Maria no processo da Salvação, quando diante do mensageiro de Deus disse o “Sim” e logo em seguida se autodenominou como “Escrava do Senhor” se destituindo da própria vontade, sobre si. Com esse “Sim” Deus conseguiu traçar uma linha do tempo entre Eva (a transgressora) e Maria (a obediente) e iniciar o processo da Salvação. É ela que, no Apocalipse de São João, é configurada como__ “Apareceu um grande sinal no céu: uma mulher vestida do sol, a lua debaixo dos seus pés e na cabeça uma coroa de doze estrelas”, a mais importante entre todas as criaturas, quando a ela devemos render todas as homenagens, porém, não esquecendo que seu papel é de  coadjuvante e o de  Jesus “o protagonista” de nossa salvação. Vale, outra vez, ressaltar que em sua obra “A verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria”São Luís Maria Grignion de Montfort a designa, devido à sua importância, como “Column Dei” ou “Pescoço de Deus”. Se procurarmos nas escrituras a observaremos como sendo a própria Igreja, pois quando os Discípulos de Jesus estavam se dispersando, era ela que repassava em conversa a vida de Jesus e o propósito de sua vida, que àquele momento ela já entendia o propósito de sua vida e morte. A isso é importante que observemos que a palavra Igreja etimologicamente é oriunda do grego “ekklesias – Eclésia”, que significa assembléia democrática ou, para nós cristãos: _reunião de cristãos. Para tanto não a devemos interpretá-la, erroneamente, como templo, construção de pedra. Portanto Maria é o princípio da nossa Igreja. Então, prezados paroquianos, em uma interpretação livre, é o que sugere o Capítulo VII do documento Luz dos Povos. Então na intenção de difundir o propósito contido nesse documento e elucidá-lo, o Pe. João Rodrigues de Paula pontuou com 09 tópicos, que serão expostos e refletidos nos dias seguintes, sendo hoje dia 06 de setembro de 2020 o primeiro dia, a saber:

06/09 – 1º dia: __”Maria, Mãe de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo”L G Nr.52

Padre convidado: __Pedro de Jesus Weirmann.

___Em referência ao Evangelho (Mt 18,15-20) Pe. Pedro ponderou a importância da correção fraterna como ação determinante de se ligar ao céu aquilo que está solto, isto é, ajudar a um irmão a se levantar, quando o mesmo por uma ação, indevida, se encontra caído. Para tanto nunca julgá-lo! Também, em consonância com o tópico da novena, explicitou de maneira correta que, já, no concílio de Éfeso (431 – DC) Maria era considerada como Mãe de Deus. Portanto no documento “Luz dos Povos” tal título foi, apenas, ratificado.

07/09 – 2º dia: __“Maria, Mãe dos Membros de Cristo” L G Nr.53

Padre convidado:Paulo Marcelo Daher Gomes Filho.

___Em sua homilia simples, porém profícua, Pe. Paulo Marcelo, consoante ao subsídio do dia, pontuou e discorreu sobre as 04 virtudes de Maria: silêncio, obediência, humildade e serviço.

Silêncio: Seguindo a máxima “__A Paz que você procura é o silêncio, que você não faz” (Silêncio de Maria  – Frei Ignacio Larrañaga), exaltou que o barulho do mundo, na maioria das vezes nos distrai, fazendo com que nos distanciamos de Jesus Cristo. A isso é necessário a introspecção, através da meditação, da oração.

Obediência: Uma vez que o mundo nos apresenta desafios diversos, é necessário que estejamos preparados, para adaptarmos e entendermos. Vale ressaltar do “Sim” de Maria, que fez com que todos os seus planos, para uma vida comum, se dissipassem ante às novas perspectivas que lhe foram apresentadas.

Humildade: Devemos nos policiar, para não deixar que o nosso pior inimigo “a vaidade” emerja em nós. Pois o mesmo nos distancia de tudo, tornando-nos “erroneamente” possuídos pelo brilho das aparências. Então devemos nos mirar em Maria, pois sendo Mãe do Filho de Deus, continuo firme na inteligência propiciada pela humildade.

Serviço: Não devemos ter uma fé devocional e sim aliada à pratica da caridade e do serviço aos nossos irmãos, tal qual Maria o fez, quando se embrenhou pelas estradas de Nazaré até as montanhas da Judeia, sem pensar nos perigos que poderiam advir dessa empreitada.

08/09 – 3º dia:__ “Maria, Mãe na Fé e na Caridade” L G Nr.53

Padre Convidado:Rodrigo Coimbra Ladeira.

Em sua homilia relembrou de maneira competente o projeto de Deus, para a salvação da humanidade, quando, antes mesmo da fundação dos tempos, já tinha em seu projeto Maria, a co-redentora, pois a muniu, desde sempre, das três virtudes teologais: Fé, Esperança e Caridade, necessárias para a educação de Jesus. Há que entendermos que Maria tem uma importância imensurável na historia da humanidade, pois ela é a ponte que nos une a Jesus Cristo.

09/09 – 4º dia:__ “Maria Colaboradora na salvação dos Homens”L G Nr.56

Padre Convidado: Geraldo Magela da Sílva.

Iniciou sua homilia explicando que o nome Maria provavelmente tem suas raízes no hebraico e no egípcio, a saber:  hebraico  Myriam, que significa “Senhora Soberana” e, no egípcio Mry, que significa “Amar, Amor” se efetuarmos a junção, explicitaremos a dimensão que a envolve:__”Senhora do amor”. E costurando a isso, citou o Sermão do Pe. Antônio Vieira, que de maneira arrebatadora assevera em seu contexto :__Maria nasceu, para que Dela nascesse Deus. Além de mostrar a confiança dos seus filhos por Mãe tão excelsa continua:__ Perguntai aos enfermos, para que nasce esta celestial Menina, dir-vos-ão que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação…E finalizando pontuou a grandeza de Maria em 03 momentos sublimes da trajetória de Jesus, a saber:

Encarnação: Quando o Espírito de Deus a envolve ela se percebe geradora do Filho de Deus ou, da encarnação do próprio Deus e diz o “Sim”, sem titubear, mesmo tendo a liberdade do “Não” propiciada pelo livre-arbítrio;

Ressurreição:No momento supremo da agonia de Jesus ela chora, porém ora, pois reconhece e entende, naquele momento, todos os “porquês”, que no silêncio, questionava sua alma;

Pentecoste: Sabedora da Missão do seu Filho, Maria ora com os Apóstolos  e com os Discípulos e nesse alo de espiritualidade começa a formação do Corpo Místico de Jesus:__a  Igreja.

Ao final Pe. João sintetiza toda a grandeza de Maria em uma única palavra:__”Dignidade”.

10/09_ 5º dia:__“Maria, Mãe da Vida, Mãe da Morte” G L Nr.58

Padre Convidado:Javé Domingos da Silva

Pe. Javé Iniciou a sua homilia asseverando que a Eucaristia tem a conexão com Maria, uma vez que ela contém em si os resquícios do amor de Maria, para com Jesus. Para tanto no Concílio do Vaticano IIMaria não teve a narrativa de sua vida à parte, mas proclamada como um membro amoroso da própria Igreja.  Então na reflexão do tema “Mãe da Vida e, da Morte”, Pe. Javé fez, a todos, entender, em uma visão escatológica a simbiose entre esses dois extremos: Início e Fim.

Na Vida: Ao dar a luz a Jesus Ela deu  luz à própria vida de um povo, que caminhava sob o jugo romano, à beira de um precipício. E durante a vida pública de Jesus, ela permaneceu oculta, não por uma timidez ou até mesmo a uma simploriedade, como muitos podem pensar, mas por saber, que a hora era de Jesus e, sua função era, apenas, a de educadora. Porém Ela tinha a sensibilidade, para saber a hora certa de intervir e, assimo foi nas Bodas de Caná, quando ante a uma situação que se pretendia se tornar vexaminosa aos noivos, ela sugere a Jesus  a realização do Primeiro Milagre, que foi a transformação da água em vinho.

Na morte: Maria lá esteve acompanhando Jesus, não se descabelando em desespero como as carpideiras, porémno silencio da compreensão, da aceitação. No filme “A Paixão” o silêncio, o olhar entre Mãe e Filhodenuncia essa intenção. Em meio a dissertação do tema narrou uma pequena história que ouviu de um Padre, quando este em uma pescaria e, em companhia de um Pastor Presbiteriano, em um dos afluentes do Pantanal Mato-grossense, ouviu deste último: __A minha Igreja se recente da falta de uma Mãe Bela, Calorosa tal qual a Mãe de vocês Católicos, “Maria Santíssima”.

11/09_ 6º dia:__ “Maria, Auxilio dos que necessitam de seu cuidado” G L Nr.62

Padre Convidado: Cleudir Possa Trindade

Evangelho Lc 6,39-42

Ao homiliar o Evangelho Pe. Cleudir destaca de seu contexto a intenção“Misericórdia”, isto é: acolher os outros ante suas, próprias, misérias. Pois ao amar-nos, como Deus o fez, dando o seu próprio Filho, para remir nossos pecados, ele nos ensinou e, continua a nos ensinar, a amar as diferenças, para com isso coibir aquilo que nós mais fazemos: criticar e condenar. Ele ensinou-nos, através de seu Filho “Jesus Cristo” “que a crítica só será pertinente se ela estiver atrelada ao pronome reflexivo, isto é, fazermos uma crítica pertinente a nós e, a partir daí, ponderarmos os nossos próprios defeitos e fraquezas. Citando Fausti disse:_” Se o amor de Deus criou tudo do nada, a sua misericórdia salva tudo do mal, melhor: do nada”, por que não o fazemos aos outros, também?

Dissertando sobre o tema do dia, pontuou de maneira grandiosa o Auxílio, sempre, Generoso deMaria para conosco, que somos irmãos de seu Filho Jesus Cristo. A isso recorreu ao Apocalipse de São João, quando Maria metaforicamente e profeticamente pisa na cabeça do Dragão, destruindo com isso toda a maldade, que adviriam das próprias ações de seus filhos, vitimados e algozados um para com os outros. Valendo do que mais tarde o dramaturgo Plauto asseverou: O homem é e será, sempre, o lobo do homem. A Isso, Pe. Cleudir recorreu da crueldade sutil, porém, eficaz disseminada pelas mídias sociais, quando o homem recorrendo e amparado, covardemente, da invisibilidade destrói a dignidade de muitos. Então asseverou que para esse mal devermos, sempre, sermos vacinados pela açãomisericordiosa predita por Jesus Cristo:__”Amar aos outros como a ti mesmo”.

12/09_ 7º dia:__“Maria, fiel cumpridora da vontade do Pai” G L Nr.64

Padre Convidado: José Raimundo da Costa

Evangelho Mateus 18, 21 – 35

Ao homiliar o Evangelho Pe. José Raimundo dissertou sobre o Perdão, não como um esquecimento pela falseta de alguém, para conosco, mas como a generosidade de entender o outro, de exercer a empatia, para que a partir daí possamos continuar a caminhada de fé, libertos do peso da mágoa e do rancor. Se observarmos os ensinamentos dos Evangelhosobservaremos o Perdão de Jesus, no alto da Cruz, a todos os algozes:__Pai, perdoai-os eles não sabem o que fazem! Jesus entendia, que todo pecado provém da ignorância, da vaidade, da covardia, enfim da fraqueza humana. Em meio à reflexão ele disse, que gosta de provocar a assembléia com citações numerativas deversículos, capítulos, bem como, também, citações nominativas de obras, autores, sempre, com a intenção pedagógica de incitar a todos a se inteirar no conhecimento daquilo que se ouve, para uma investigação mais apuradas, para não ficar na superficialidade. Pois reconhece que a fidelidade só existe se, está, estiver imbuída de conhecimento.

Na reflexão sobre o tema do dia ele exalta a altivez e a inquietação de Maria, quando, obediente à vontade do Pai, foi ao encontro de Isabel, exemplificando, que deveremos ser uma Igreja de saída, cuja força da féestá na ação. Que devemos, sempre, soerguer e acudir quem estiver em uma situação de penúria, de aflição, pois se Seu Filho Jesus deu Sua Vida por nós, não devemos fazer por menos em relação ao outro. Reafirmando a esse gesto citou o Capitulo 15, Versículo 11, doDeuteronômio“Pois nunca deixará de haver pobres na terra; pelo que eu te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra “. Completando o propósito da obediência de Maria cita Santo Irineu de Lyon  “O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria. O que uma fez por incredulidade, o desfez a outra pela fé”.

13/09 – 8º dia:__ “Maria, modelo de virtude, sobre a Família de Deus”. LGNr. 65

Padre Convidado: Adriano Tércio Melo de Oliveira

Evangelho Mateus 18, 21 – 35

No referido supracitado tema do dia, devemos observar Maria como sinal de Esperança, pois ante tantas atribulações que o mundo nos impõe, Ela surge como proteção, a delinear-nos o caminho correto a percorrer, como Mãe Zelosa. Quando nos derradeiros momentos de sua crucificação Jesus Cristo diz:__Mãe, eis ai teu filho, filho eis ai tua Mãe, Este estabelece o pacto da Família Universal dando-nos Maria como Mãe e tornando a nós seus Irmãos. E uma vez rasgado o véu do templo faz de Maria nossa fiel Intercessora. Ante aos pés da Cruz, Maria entende, completamente, toda a conseqüência salvífica de seu “Sim”. E relembrando a live de ontem, à noite, quando Maria foi tão poeticamente exaltada, através de vozes melodiosas e intenções puras, a vislumbramos, de maneira sobrenatural, sobre um pilar a nos observar, compassivamente, tranquilamente em sua mora, a nos convidar a, rezar, a estar, sempre, perto dela, tal qual o fez na cova da Iria ante os Três Pastorinhos.

14/09 – 9º dia:__”Maria, sinal de esperança, segura aos pés da Cruz”. L G Nr.68

Padre Convidado: Márcio César Ferreira

Ao homiliar sobre o tema supracitado, Pe. Márcio destaca 03 palavras: Sinal, Esperança, Cruz, que comporão um tripé, que designará a figura de Maria como matriarca no processo da salvação, a saber:

Sinal: etimologicamente tal palavra tem sua origem no latim “signalis”, que significa: coisa que chama à memória a uma realidade próxima, que nos direciona. O Sinal Maria, tende a nos tirar de uma situação de torpor, apatia, para nos mostrar que algo está acontecendo, que algo está nos sinalizando, para nos humanizar, isto é, misturarmos ao mundo, para fazê-lo melhor.

Esperança: Como dizia Paulo Freire, o mais importante é ter esperança do verbo esperançar, pois este mais do que ficar na espera, ele nos leva a sacudir-nos de nossa letargia, a nos inquietar diante das injustiças do mundo e construir um mundo, onde a felicidade é permitida a todos. Assim Maria decantou Dom Helder Câmara no seu belíssimo Sermão “Invocação à Mariama”__ Mariama, Mãe querida, problema de negro acaba se ligando com todos os grande problemas humanos. Com todos os absurdos contra a humanidade, com todas as injustiças e opressões. Mariama, que se acabe, mas se acabe mesmo a maldita fabricação de armas. O mundo precisa fabricar é Paz. Basta de injustiça!

Essa é Maria aquela que dissemina  Esperança a todos os seus filhos, irmãos de Jesus Cristo.

Cruz: É necessário que tenhamos o conhecimento, que os Evangelhos começam a partir da Cruz. Pois a partir dela era necessário que todos conhecessem o início e o caminhar de Jesus até a Cruz e à ressurreição. A isso vale ressaltar que diferente da Cruz dos romanos que era identificada como castigo e morte, a mesma entre outros povos tinha outra conotação, a saber: entre os egípcios ela (ansata ou ankh) simbolizava a vida em todos os seus aspectos, até mesmo, após a morte, como vida eterna; para os nórdicos ela se parecia com o martelo tinha o poder de conectar com o ceu, haja vista que quando Thor, filho de Odin a empunhava evocava trovões; na índia simbolizava felicidade. Então, quando Maria abraçava os pés de Jesus ela se conectava com o céu, pois Jesus estava na verticalidade entre os dois extremos céu e terra. Abraçada aos pés de Jesus ela pôde reconhecer a simbiose entre vida e morte, nascer e morrer. A isso vale relembra um trecho de um diálogo entre Maria e Jesus Cristo, contido na obra de José Luis Marin Descalso “Diálogos da Paixão”__Faz muitos anos, Filho, que eu conheço esse deserto. Ser homem é pressenti-lo e ser mulher é senti-lo duplamente. Quando geras um filho te crês, por um momento, fabricantes de vida, mas as próprias dores do parto te dizem que é a morte que geras, que dás à luz o fugitivo e que te saem do ventre pedaços de vida e morte embaralhados. Todas as Mães sabem que dão à luz aprendizes de morto. Mas eu cri que, ao menos Tu, serias diferente. Se nasce um Deus, por que hás de ser Mortal?…

Por João Bosco de Melo – PASCOM

Dores de Campos, 14 de setembro de 2020

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