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set 01

Maria, Senhora das Dores de todos nós

 

 

   O que é ser santo? O que é ter uma vida santa? O que é seguir o caminho definido por Deus sem oscilar?

   É, simplesmente, aceitar as casualidades ocorridas em uma vida comum, onde a mesmice supera qualquer fato novo. Bono Vox, vocalista da Banda U2 disse certa vez, que ser herói é vencer as batalhas vulgares do dia a dia, e para tanto é tornar-se um pouco santo, pois se observa ai a retidão de caráter, em contraponto às rondas dos vícios. Todos os santos mostraram em si esta característica e para tanto foram contemplados com a auréola divina. E com Maria não foi diferente, descendente da pura linhagem judaica, que segundo os Evangelhos Apócrifos era filha de Joaquim (descendente direto de Davi) e de Ana (descendente do sacerdote Aarão), que aos 03 anos de idade foi apresentada ao templo e destinada a prestar serviços ali até a sua primeira menstruação, pois a partir daí já não era permitido a sua estada no mesmo. Com a morte de seu pai, Maria vai morar em Nazaré e neste ínterim de 03 anos recebe a visita do Anjo, e com um sim, absoluto, permite-se ser a Mãe de Jesus, o salvador de nossa mediocridade.

   Se pararmos para refletir, o Sim de Maria é absurdamente maravilhoso e pesadamente responsável, pois se nota no mesmo a negação de si mesma, dos seus anseios de jovem de 15 anos, numa Nazaré, totalmente, destituída de respeitos e conceitos em relação à mulher, onde o poderio machista judaico imperava. Mas como coadjuvante nesta empreitada, Deus lhe socorreu com José, o protótipo perfeito de companheiro, que no seu sim a ela, destituiu-se do direito de amante.

   A Bíblia pouco fala de Maria, não por desatenção, mas porque foi escrita por homens que observavam a tradição machista judaica, onde a mulher era considera um zero à esquerda. Mas se recorrermos aos Evangelhos Apócrifos constataremos uma Maria, altiva, forte e inteligente em contraponto às demais mulheres de sua época. Mais uma vez a companhia de José torna-se imprescindível, pois devido a sua bondade e mansidão ele suportava àquela mulher diferente das demais, doce, forte e companheira. Que não caminhava no seu encalço, mas lado a lado. O silêncio de Maria, tão bem delineado por Frei Ignácio Larrañaga, que aprendemos com a Oficina de Oração e Vida, não pode ser traduzido pela ausência de ação, mas sim pela inteligência que ultrapassava um entendimento palpável, pois ela acreditava, simplesmente.

   Sem questionar de maneira leviana, fico triste ao constatar que as demais denominações, talvez para se mostrarem diferentes, não dão o devido valor a esta mulher que emprestou o seu ventre como Santuário de Senhor Jesus Cristo, a esta mulher que é exemplo para todos nós, exemplo este que se denuncia na abnegação do supérfluo, na certeza que algo irá superar a mesmice, a apatia de nossas vidas nos momentos comuns.

   A beleza de Maria, tão bem representadas nas estampas, não pode ser levianamente, também, confundida com este padrão imposto pelo mundo, mas observado sim, que há nesta beleza uma tradução da Mãe apaixonada pelos filhos, da bondade, da mansidão residentes em seu interior.

   Que bom que no passado tivemos, em nossa querida Dores de Campos, homens de sensibilidade e religiosidade que reconheceram na Mãe de Jesus, a Senhora de nossas dores, uma seta para o nosso caminhar, para o nosso aconselhamento ante a conturbação do mundo que está fora de nós. Para tanto devemos, sempre, rogar: Nossa Senhora das Dores rogue a Deus por todos nós.

P/ João Bosco de Melo

Dores de Campos, 31 de agosto de 2010

PASCOM

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