PASCOM – Em primeiro lugar, como o Sr. define esse movimento? Quando o Sr. começou a fazer parte do mesmo e quem era o pároco?
Carlos Henrique – A Irmandade do Santíssimo Sacramento é um movimento que tem como objetivo zelar com toda devoção e respeito as práticas propostas pelos Evangelhos, além de se tornarem perpétuos adoradores da glória Eucarística, que é a representação da transubstanciação do corpo ressurreto de Jesus Cristo, símbolo maior da fé Católica. Estendendo a isso, tem o compromisso de zelar pelo patrimônio da matriz, além de auxiliar o pároco nas solenidades religiosas prescritas pela liturgia tais como: Semana Santa, Festa de Corpus Christi, Festa da Padroeira e demais exercícios: Adoração mensal ao Santíssimo Sacramento, incentivar ao paroquianos a se arrebanharem ao movimento e procurar dar testemunho de piedade Cristã.
Eu ingressei no movimento no ano de 1.991 época em que o padre José Roberto paroquiava a comunidade dorense, sendo que fui indicado ao movimento pelo mesmo.
PASCOM – Quando e como ocorreu o convite, para que o Sr. disputasse o pleito para o cargo de provedor? E quantos anos duram o mandato?
Carlos Henrique – Em 2.003, mais exatamente em 08 de agosto, os Irmãos me incentivaram a concorrer ao cargo e por inspiração do Espírito Santo resolvi aceitar, porém no dia do pleito, mediante a um compromisso particular, não pude participar, mas mesmo assim fui aclamado provedor por uma maioria expressiva de votos. Em virtude de minha ausência justificada 01 (um) Irmão levantou e começou a questionar a ilegitimidade do cargo a mim conferido, uma vez que eu não estava presente e que não poderia, em hipótese alguma, ser proclamado ao mesmo. Em virtude da celeuma ali instalada o Pe. Fábio Rômulo Reis, na época pároco da comunidade dorense, achou melhor que eu me detivesse no 2º Lugar, passando o cargo a outro Irmão. Mas tal embate não esmoreceu a minha vontade e determinação em participar ativamente no movimento.
Porém em 22 de dezembro de 2.005 ao participar novamente do pleito que acontecia fui proclamado provedor da Irmandade do Santíssimo Sacramento, com a graça de Deus, com 47 (quarenta e sete) votos dos 64 (sessenta e dois) votos, sendo que ao 2º Lugar couberam 10 (dez) votos, ao 3º Lugar couberam 05 (cinco) votos e 02 (dois) votos em branco. E creio que me ative de maneira competente ao cargo, pois permaneço ao mesmo, desde então.
Vale ressaltar que o mandato ao cargo de provedor tem duração de 02 (dois) anos.
PASCOM – Quais os Irmãos que fazem parte de sua equipe e como se deram essas escolhas?
Carlos Henrique – Na composição oficial da mesa administrativa conto com a participação dos irmãos: Adriano José Ferreira (Vice-Provedor), Sérgio Pacelli da Silva (1º Secretário), Gilmar Antônio Teixeira (2º Secretário) e Edgard Allan Poe Teixeira (Tesoureiro), além de contar como o auxílio luxuoso de senhores, senhoras, e senhoritas, que doam seu tempo e labor para a concretização de todos os eventos. Valho deste ensejo para ressaltar a todos os outros irmãos que não compõem a, supracitada, mesa administrativa e a toda a comunidade civil e empresarial que não pouparam esforços para garantirem o sucesso dessa empreitada a qual encabeço.
PASCOM – Quais as responsabilidades determinadas aos Irmãos do Santíssimo? Eles as assimilam bem?
Carlos Henrique – Adoração mensal ao Santíssimo Sacramento nos primeiros domingos; Contribuição mensal de R$2,00 como ajuda ao pagamento de despesas; Participação nas Missas das primeiras quintas-feiras com guardas e honras pelos Irmãos, reuniões mensais após as mesmas; Auxiliar o padre quando se fizer necessário, além da participação, movidos com a opa, dos acontecimentos religiosos e solenes (Semana Santa, Missa do Galo entre outros).
Quanto às suas responsabilidades muitos assimilam bem outros nem tanto, mas isso se faz habitual em todos os movimentos, onde muitos acabam adaptando os movimentos às suas conveniências tais como mudança dos horários de adorações à revelia de seus grupos, desculpas estapafúrdias quando convocados para acontecimentos sociais, tais como da ajuda nas barraquinhas, que antecedem a festa da padroeira, além do relaxamento, compreensivo, por parte dos mais idosos.
PASCOM – Esse tipo de dissonância é próprio do ser humano, como o Sr. lida com esse tipo de atitude?
Carlos Henrique – É necessário que se entenda que somos seres humanos e como tal devemos nos relevar evitando com isso contendas desnecessárias, apesar de que muitas vezes se faz necessário um puxão de orelhas de tais “infratores”. Mas em tais ocorrências faço imperar a cordialidade e o bom humor. A isso devemos colocar nas mãos de Deus.
PASCOM – Como se dá o relacionamento do Sr. com o pároco, e com a equipe que o auxilia diretamente?
Carlos Henrique – A minha relação com o pároco, com certeza, é uma das melhores possíveis, tanto na parte dos trabalhos inerentes ao cargo que ocupo, quanto da parte pessoal, tratamo-nos de maneira cordial e respeitosa. Tento na medida do possível levar a ele, somente, soluções e não problemas, apesar de que alguns fogem de minha alçada, então nesses momentos recorro-me a ele e procuramos, conjuntamente, solucioná-los.
Quanto aos que me auxiliam diretamente procuro tratá-los, principalmente, como amizade, companheirismo, pois dessa maneira os trabalhos fluirão de maneira satisfatória. Se houver algumas transgressões dou aquele puxãozinho de orelhas… rsrsrsrsrs…
PASCOM – Se o espaço de tempo é de 02 anos, como se explica essas conquistas sucessivas ao cargo? Ela pode ferir o estatuto?
Carlos Henrique – Sim, pelo estatuto a ocupação ao cargo de provedor é de 02 anos, porem se os trabalhos ali efetuados alcançarem a meta e o grupo de irmãos e se derem por satisfeitos, e mediante a essa satisfação resolverem prorrogar os trabalhos por mais 02 anos é perfeitamente salutar, não ferindo com isso ao estatuto, porque se estabeleceu ali a vontade da maioria. Então obedecendo à vontade da maioria o padre pode, perfeitamente, aclamar tal provedor ao cargo, novamente. Como estou no cargo, sucessivamente, desde o ano de 2.005 é mais do que convincente que minha equipe e eu estamos desenvolvendo um bom trabalho, que vem agradando a grande maioria de Irmãos e ao Padre. Vale ressaltar que os padres têm o poder de contrariar o estatuto, desde que seja da vontade da maioria da plenária, no caso, dos Irmãos.
PASCOM – Nesses vários anos à frente da provedoria o Sr. poderia elencar todas as conquistas?
Carlos Henrique – Com certeza, mas antes de elencá-la se faz necessário compartilhar todas essas conquistas conjuntamente com minha equipe, com os demais irmãos e toda a comunidade dorense, que estiveram sempre atentos e solidários aos reclames. Foram muitas conquistas, que exigiram um trabalho de Hércules, mas graças a Deus, conseguimos. Vamos elencá-los: Implementação do Terço dos Homens; Aquisição de barraquinhas metálicas bem como coberturas, para as mesmas, de lonas plastificadas; Palco metálico com cobertura (a este com parceria com a Irmandade do Rosário); Aquisição de um freezer; Pintura interna e externa da matriz; Troca do assoalho do coro paroquial, uma vez que o anterior apresentava perigo de vida aos que lá se apresentavam; Confecção de uma altar de mármore, quando do jubileu dos 100 anos da paróquia, altar este com entronização da padroeira Nossa Senhora das Dores, São José (doação de Pe. Paulo Marcelo) e de Jesus Cristo, sendo que no mesmo contém uma placa registrando a comemoração jubilar; Aquisição, junto à Prefeitura Municipal de um pequeno monumento defronte a matriz, em comemoração ao supra citado jubileu; Restauração do jogo de imagens que figuram na Semana Santa (restauração esta em parceria com a SECULT- Secretaria de Cultura); Reforma de todo o telhado (que compôs da troca de todo o madeiramento e telhas, calhas, bem como todo o forro), restauração de alguma paredes que estavam comprometendo toda a estrutura da matriz; Mediante toda a reforma supra citada se fez necessário a pintura interna de toda matriz; Aquisição de um novo armário para guardar a indumentária do padres e paramentos usados nas liturgias; Restauração do lustre central, contando com a idade de mais de 100 anos, segundo o restaurador; Serviço de paisagismo e jardinagem no adro da matriz; Aquisição de uma mesa de som da Holcim (doação efetivada através do Dr. João Butkus Filho, gerente da mesma) com o intuito de melhorar a audição dos Ofícios das Santas Missas; Aquisição de 32 jogos de mesas e cadeiras de plásticos para as barraquinhas (em parceria com a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário); Restauração de todos os quadros da Via Sacra, através da SECULT – Secretária de Cultura; Reforma e pintura da parte interna do Salão São Thomas de Aquino, com intuito de eliminar o bolor, ali instaurado. Vale ressaltar que a parte externa da matriz será restaurada e pintada, oportunamente.
PASCOM – Mediante a vivacidade que lhe é peculiar, o Sr. é muitas vezes comparado ao Sr. Jose Marques de Melo Filho (Sodó), isso o incomoda?
Carlos Henrique – Quem sou eu para ser comparado ao Sr. José Marques de Melo Filho, carinhosamente chamado por todos pelo apelido de Sodó! Mas já que o fazem, confesso que me sinto envaidecido e honrado. Tenho certeza que com ele aprendi muitas coisas, tais como: transparência, comprometimento, eficácia, honestidade, perseverança e organização. Sua responsabilidade era mais abrangente do que a minha, pois ele administrava a Casa Paroquial e até mesmo dispensava aos padres um auxílio paternal, tanto que o Pe. José Roberto o chamava carinhosamente de “Pai Dó”, tamanha era a confiança dispensada nele, pois se este ficava doente ou precisando de um conselho, imediatamente telefonava pedindo socorro, e o socorro acontecia. O Sr. Sodó era um homem excepcional! Acredito que foi o último dos remanescentes de homens notáveis, por isso recorro-me à mitologia grega para compará-lo a Midas, pois em todos os movimentos que ele pôs a mão tornou-se sucesso/ouro. Por isso me sinto envaidecido ao ser comparado a ele. Obrigado pela comparação!
PASCOM – A palavra lhe é livre, para tanto discorra sobre o que o Sr. quiser?
Carlos Henrique – Foi uma honra ser entrevistado pela PASCOM, pois a essa denuncia que faço algo de importante para a minha comunidade. Gostaria de assegurar-me que tudo que foi dito pode ser comprovado visualmente e através de uma análise minuciosa dos balancetes, sempre, colocado á disposição da comunidade. Gostaria de comunicar, sem falsa modéstia, que represento uma comunidade de irmãos que deseja realizar algo que fortifiquem através de uma Igreja/templo a continuação das Igrejas dos muitos corações sedentos de um Deus Misericordioso, que ficará para as gerações vindouras. Ouvi certa vez uma bela canção, na qual canta uma máxima que escolhi para a minha vida que é: “Tudo posso naquele que me fortalece!”
Obrigado!
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!
P/ João Bosco de Melo
Dores de Campos, 13 e 14 de novembro de 2012
PASCOM
Fotos de alguns momentos citados na entrevista:
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