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set 17

Memórias dos muitos dias da Festa da Padroeira: Nossa senhora das Dores

Quando do alto do Gólgota Jesus se dirigiu a João e a Maria, sua Mãe e asseverou:— “Mulher, eis aí teu filho! Filho, eis aí tua Mãe” foi selado, naquele momento o pacto universal pela família, no sentido de um estar, sempre, a proteger o outro, independente dos laços sanguíneos. Essa intenção se apropriou de mim desde a minha mais tenra infância, quando Maria, pelas intenções de meus pais, repassadas a mim, ciceroneou, por todos os meus momentos, o caminho, para se chegar, de maneira concreta, a Jesus e, consequentemente, a Deus. Pois nas orações e conversa em minha casa, sempre, era aberto o livro “Histórias Sagradas”, que meu irmão Toca presenteou à minha Irmã Maria José, quando este servia o exército em Realengo (Niterói/RJ). Então, pelo fervoroso amor e sob Codinome de Senhora Aparecida, Maria, sempre, teve o seu altar ornado com almofadas de cetim e miosotes de sedas, confeccionados pela Sra. Francisquinha do Venco, em um oratório, postado na cantoneira da sala de minha casa.

     Hoje, no alto dos meus 61 anos, observando, quase que melancolicamente, o movimento, na grande nave da Matriz, na Missa das 10:00 h, um filme foi se insinuando em minha memória, um filme de minha vida coadjuvado com tantas pessoas queridas, que já partiram há tempos. Um filme que começa com a aurora, quando as ruas principais da cidade eram invadidas pelos dobrados das bandas a anunciar, tal qual a um muezim, a santidade do dia, a conclamar todos às orações e, acordar com todos o compromisso da Santa Missa e da procissão em honra a essa Mulher, que se vestiu de sol e pisou na cabeça do dragão, sempre trazendo em seu colo, o Menino Deus, motivo maior de nossa fé.

     Ao observar os altares, tão bem ornamentado pelo Vinícius Teixeira, vieram a mim, também, os mais belos altares e andores de minha infância, a visitar minhas memórias, pelas mãos prestimosas das senhoras: Umbelina, Djanira, Tatinha, Laurinha, Tininha, Bruinha, Cecília do Gil e a Srta. Milota.  Também vieram a mim, pelos movimentos das portas laterais, a chegadas de todas as Marias içadas em andores simples, oriundas das zonas rurais, trazendo à padroeira, Senhora da matriz, os fundos conseguidos nas orações e nos leilões, das noites anteriores. Neste momento passaram, por mim: Pe. Assis, Pe. Antônio, Dom Delfim, Pe. Lopes, Pe. Tertuliano, Pe. Pedro, Dom Antônio, Pe. Zé Roberto, Pe. Fábio, Dom Waldemar, Pe. Paulo, Dom Célio, sempre a sorrir, Pe. João e Dom José Eudes trazendo-me, estes últimos, ao momento presente da celebração. Mesmo assim, a emoção nostálgica não se desvencilhou de mim, pois procurei na assembleia pessoas amigas, que por um lapso de distrações em suas vidas, foram ceifadas por uma morte, que parecia, ainda morar em um futuro tão distante!  A essas, em número de 51 de minha cidade, as 588 mil do Brasil e as em número de 26 milhões do mundo, o Reverendíssimo Bispo Diocesano Dom José Eudes, de forma carinhosa e respeitosa rendeu memórias e o desejo de estarem elas a morar junto ao Pai.

     Em minha memoria fui delineando caminhos, reflexões e consciência de um fervor não tão ardente, como os de minha infância, já que em todos os momentos, quase que, sem querer estabelecemos padrões comparativos nos diversos tempos de nossa vida. Porém o rosto de Maria estampado no ícone do altar principal de nossa matriz, continua carinhosamente a nos lembrar, que independente da idade dos tempos, ela estará perenemente a nos indicar o caminho que nos levará a Jesus e às bem aventuranças, propiciadas por Este..

     Salve Maria, Nossa Senhora das Dores!

Por João Bosco de Melo – PASCOM

Dores de campos, 15 de setembro de 2021

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