Estamos na Semana Santa, sendo que está foi precedida, pelo Setenário das Dores de Nossa Senhora, quando se objetivou, a esse tempo, reflexões do comportamento humano diante do mundo e, mais do que isso, de seus relacionamentos. A isso podemos nos perguntar:—Será que o Sacrifício Cruento da Cruz foi em vão? Os fatos, leva-nos a constatar o afirmativo. Infelizmente o mundo, sempre, foi polarizado entre o ter e o não ter, porém esse cenário está se tornando a cada dia mais acentuado.
A tecnologia, través da revolução industrial, que se pretendeu nivelar as desigualdades, fazer prevalecer a equivalência, pelo contrário, está se tornando uma concentradora de rendas, uma fomentadora de intrigas, de mentiras para se justificar guerras, gerando com isso um Estados de Exceções, quando os direitos são extinguidos de forma cínica, cruel, quando o admirável mundo novo, em que jorraria leite e mel, para todos, está destinado a uma parcela, a cada dia, mais reduzida. A máxima de Jesus: — Eu vim, para que “todos” tenham vida e, que a tenham em “abundância”, tornou-se algo mercantilista, para os que enchem os templos e se autodesignam, de forma cínica e sem culpas, como os arautos do Senhor, mostrando aos encantados, um Deus antropomórfico, correspondendo e justificando as suas, próprias, mediocridades. Mas em meio a esse lamaçal observamos “lírios”, tais quais Pe. Júlio Lancelotti, Papa Francisco e, tantos outros imortalizados pela história e pelos altares, apontando e justificando que a fé e a bondade, ainda não foi vencida, que a Boa Nova de Jesus Cristo se perseguida e insistida é possível.
Para tanto a Semana Santa é um momento de traçar um paralelo reflexivo entre o hoje e o ontem, para prosseguir de maneira correta um futuro promissor, tal qual o proclamado por Jesus Cristo e delineado, desde a fundação dos tempos. Se traçarmos um paralelo observaremos, que o homem, por estar em conflito consigo, extrapola este, de maneira perversa, aos que estão em sua volta e, isto gera o caos permanente em que se encontra as relações, que se encontra o mundo.
Na observância aos Antigo e Novo Testamentos, às eras Medieval e Modernas constataremos o mal instalado, às vezes sútil, às vezes descarado, sempre, na intenção de submeter os menos favorecidos, grande parcela da população, a uma realidade subserviente e degradante, para que uma pequena parcela possa desfrutar as benesses daquilo, que de maneira justa, deveria ser equivalente a todos. Aos que se rebelam a isso são chamados de Comunistas, como se nesta palavra estivesse estigmatizada o mal, quando na verdade, a mesma, simplesmente, significa etimologicamente igualdade de direitos, para todos, isto é: “tudo comum a todos”. Vale ressaltar que não estou fazendo apologia a sistemas políticos, quando sabemos, que devido aos interesses mesquinho do homem, não foi e nem será possível dar certo.
Há que entender que o sim de Maria foi de encontro a um projeto de salvação de Deus ante o Imperialismo Romano que submetia aos judeus e a plebe romana, ao regime escravocrata, tal qual fizeram os egípcios, tal qual fizeram Europa e as Américas ao retirar os nossos irmãos da África e a transformá-los em alimárias fomentadores de seus desejos mesquinhos, à república de Weimar quando da ascensão do nazismo, foram mortos mais de 06 milhões de judeus Mais tarde, aqui no Brasil, de maneira muito sutil animalizaram os nordestinos, quando das grandes construções das cidades, num regime escravocrata travestido de Boias Frias, quando aos construtores, não cabiam desfrutar daquilo que eles construíram, muito pelo contrário, sendo abandonados à própria sorte, originando desse feito o conglomerado das grandes favelas.
Há tempos que assistimos atônitos a dispersão dos povos, quando são obrigados a deixar as suas casas, as suas cidades, os seus países vitimados pelos conflitos de guerras e raciais, para um futuro incerto, sem mesmo olhar para trás, tal qual o fez a mulher de Lot, a isso lembramos do desterro de Maria, José e Jesus, quando das perseguições de Herodes. A história irá se repetir, sempre, pois a memória adormece e, em grande parte é distorcida pela oficial, em detrimento à ânsia predadora do próprio homem.
Diante de tantos descalabros, somos obrigados a concordar com o dramaturgo Plauto, quando em sua obra Asinaria asseverou:—O Homem é o Lobo do Homem. A tudo isso, parece-nos que o homem é um projeto de Deus, que não Deus certo, pois recentemente ou, melhor, atualmente, presenciamos estarrecidos o perigo da extinção da raça humana propiciada, sorrateiramente, pela Covid-19, vírus esse, segundo alguns especialistas, propiciado pela degradação da natureza pelo próprio, homem, quando a terra machucada liberara os seus micro organismos, até então, inofensivos. Paralelo a essa pandemia, constatamos a proliferação das mentiras nas redes sociais, quando a verdade é distorcida a todos os instantes, para favorecer e desculpar atitudes de homens inescrupulosos, tal qual o fizeram no julgamento de Jesus, quando proclamaram, de maneira sórdida, que o Mesmo subvertia as ordens de César no pagamento de impostos e sublevação da ordem, segundo se constata no Evangelho Lucas (Lc 23, 1-49). Porém, mesmo ante tanta vilania, numa generosidade suprema, Jesus no alto do madeiro realiza o “Pacto de Família Universal” fazendo de sua Mãe, a nossa mãe e, consequentemente Dele, seus irmãos. Mas como artimanha de divisão, muitos líderes subvertem essa verdade, de maneira ofensiva, fazendo de Nossa Senhora uma mulher qualquer.
Há que entender que Deus nos deu o livre arbítrio, para tanto, sempre, haverá consequências para as nossas ações, aliás, responsabilidades. Mediante a tudo que isso, a História Sagrada rememorada na Semana Santa oferece-nos de maneira contumaz um mergulho reflexivo de como nossa conduta se impacta no mundo e, como através dela podemos contribuir, para que tudo possa ser permitido a todos e compartilhado com todos.
Amém!
Por João Bosco de Melo – PASCOM
Dores de Campos, abril de 2022
Fotos: PASCOM – Pastoral da Comunicação