Quinta-feira, 07 de junho, Dores de Campos, como tantas outras cidades, que preservam a tradição religiosa, acordou cedo, com o movimento das ruas, o chiar do vai e vem de vassoura, pessoas arrastando bambus, de todos os tamanhos, esticando varais com bandeirinhas multicoloridas, tapetes com diversas estampas se esticando pelas calçadas, flores, véus, enfim tudo para tornar majestoso o itinerário da Realeza. O céu azul prestava, também,a sua homenagem com um sol quente, ante o vento frio que atrapalhava os cabelos dos afoitos transeuntes, já que o destacamento policial, a pedido do pároco, aconselhou a não movimentação de carros nas ruas destinadas ao já citado itinerário. No interior das residências, as mulheres escolhendo as colchas e toalhas mais bonitas, para enfeitar as janelas, juntamente com as roupas escolhidas para o cortejo.
As 16:00 h, todos se acotovelam, mas de forma cordial, na igreja matriz Nossa Senhora das Dores, devido à multidão, pois todos queriam presenciar a cerimônia de transubstanciação que ali aconteceria, após a precisa e profunda homilia conduzida pelo pároco Paulo Marcelo.
Finalmente às 17:00 h o pároco erguia o ostensório com o corpo de Cristo já transubstanciado, e com o séqüito de fiéis sai em direção das ruas, onde a Corporação Musical São Sebastião, se fazendo de arauto, executava o Hino Nacional. A felicidade de todos se denunciava pelos sorrisos ante a presença , que transcendia a qualquer explicação lógica, do Corpo de Cristo ali envolto pelo dourado da peça. Todos em alas vão percorrendo as ruas, só parando, quando o homenageado é entronado nos altares, para abençoar a todos, embalados, sempre, com a sacralidade das músicas entoadas pela orquestra da Lira Nossa Senhora das Dores.
No retorno à morada do rei, todos recebem uma abenção especial, seguida de muitos aplausos, com a consciência do dever cumprido e com a certeza que algo de bom ficou nos corações descompassados, ante tanta emoção.
João Bosco de Melo
Dores de Campos, 07 de junho de 2007