O Segundo domingo de agosto irá, sempre, remeter nossos pensamentos ao vocábulo Pai, e à responsabilidade que no mesmo se encerra. A morfologia dessa palavra irá designá-la como: substantivo comum, masculino de origem latina pater, com variáveis: padre, pade, pae, ou animal do sexo masculino que gerou outro, ou a Primeira Pessoa da Santíssima Trindade. A vocação em ser Pai, ultrapassa a exatidão das palavras, mas se completa no exercício delas, e busca nelas a própria compreensão.
Ser Pai, o próprio verbo que a antecede lhe proporciona uma ação, o exercício dela. Lembro-me de meu Pai, boca desdentada, mas com um sorriso dos mais bonitos, que eu já vi. Lembro-me de sua mão grande a algemar meus pulsos, nas procissões da Semana Santa, para me proteger. De sua boa intenção, ao me surpreender em todos os natais, me presenteando, sempre, com o mesmo carrinho, que meu irmão me dera, anteriormente, mas com uma nova demão de tinta. Lembro-me de seu gosto pelos dobrados das bandas ouvidos na rádio, em noites de sábados. Lembro-me de sua alegria sem uma nesga de tristeza, mesmo que a vida difícil insistisse em denotá-la. Lembro-me de sua voz de trovão, mas ao mesmo tempo, suave como uma brisa. Meu Pai nunca me deu presentes, mas em contrapartida me deu, a sua presença, que hoje nos meus 47 anos, continua embalada em minha memória. Meu Pai nunca discursou a sua função, mas a exerceu plenamente na disposição de criar onze filhos. Nunca nos mostrou uma realidade paralela, para camuflar a em que vivíamos. A sua função, sempre se misturava com a de minha Mãe, pois, parafraseando o romance de Orígines Lessa, ela era o Feijão e ele o Sonho, pois cabia a ela o pulso firme nas decisões. Sempre que me contava estória para embalar o meu sono, ele me inseria no contexto delas. O meu Pai me preparou para ser um bom Pai. Ele tinha um coração.
Pena que hoje, tantos Pais esquecem a sua vocação ao se limitarem apenas em suas genitálias eretas e em trocar a presença, por presentes, criando com isso uma realidade paralela, camuflada de mentiras, de vazios, que estimulam a violência, a degradação, em um mundo sem OBJETIVOS.
Lembrem das palavras de Jesus: EU SOU O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA. É isso que nós Pais devemos ser, IMITADORES DE JESUS, que mostrou em si um Pai AMOROSO E PRESENTE.
Homenagem Póstuma a Geraldo Bernardino de Melo.
João Bosco de Melo
Dores de Campos, 23 de julho de 2007.
PASCOM