Antes de qualquer ponderação sobre o tema, vale ressaltar que o tempo de uma semana, para se refletir os últimos dias de vida de Jesus Cristo deu-se no concílio de Nicéia, presidido pelo imperador Constantino, tendo esse convertido ao Cristianismo. Então mais que se ater aos feriados e festejos, como muitos levianamente atem, devemos intuir nessa semana um tempo de reflexão, quando o protagonista Jesus Cristo deu a vida para nos salvar de nossos pecados e de nossa arrogância que ocasiona todas as mazelas existentes no mundo. Como tão bem asseverou Pe. Paulo Marcelo, em muitas de suas homilias reflexivas e preparativas para a Páscoa, que o mundo, ainda, não se ateve ao propósito do sacrifício do madeiro, quando podemos observar pelos meios de comunicação, que os pobres, ainda continuam sendo massa de manobra, para o benefício de poucos e, quando alguém se depõe contra as injustiças, tal qual Jesus Cristo o fez, sofre as consequências desse ato, vítima de uma justiça corrompida. Então a partir da Paixão de Jesus Cristo devemos nos acordar dessa peçonha que nos desumaniza, fazendo com que nossos “pequenos” delitos se estendam à nossa cidade, a nosso país, a nosso mundo, tornando-o inabitável. Nunca se observou tantas calamidades ocasionadas pelos tantos descasos, quando os protagonistas acabam sendo os pobres, os excluídos tais quais nos tempos refletidos, de uma Nazaré distante. A história se repete, as consciências entorpecem o mundo não tem mais espaço para um Jesus que transgrediu a estrutura farisaística e romana ao ficar do lado das prostitutas, dos aleijados, dos excluídos, nos mostrando que todos somos iguais, que todos sonhamos e temos expectativas. Em face a tudo isso, o nosso “abençoado” Papa Francisco vem sinalizando aos membros da nossa “santa” Igreja a denunciar e a orientar o seu rebanho contra esses dirigentes vis, que roubam a expectativa de um futuro promissor e feliz, apregoado pelo pastor maior: Jesus Cristo.
Pe. Paulo Marcelo, quando num ímpeto de sabedoria veio pontilhando em cada Santa Missa, que devemos observar que Jesus não morreu, porém, ainda continua a sofrer as consequências de nossas faltas e a seu lado, ainda, também, está uma Mãe condoída pela dor de constatar que o sacrifício de seu Filho, talvez, tenha sido em vão. No entanto a morte de Jesus nos remete a uma misericórdia sem limites, ao constatar que Cristo morreu pela remissão dos pecados da humanidade inteira, sacrifício tão bem enfatizado na novena piedosa de Santa Faustina que expõe toda a nobreza da morte de Deus pelos seus filhos. A misericórdia de Jesus iniciou anteriormente à sua morte, diante do seu desprendimento em acolher aos pecadores como a mulher adúltera quando proferiu as célebres palavras: ”Quem não tem pedado atire a primeira pedra”, desencorajando os judeus de julgar e apedrejar aquela mulher que cometeu pecado como todos eles cometiam e como nós todos cometemos cotidianamente. A parábola do filho pródigo também nos remete a uma reflexão profunda sobre a misericórdia de um pai quando recebe seu filho como a ovelha perdida de um rebanho, fato semelhante ao perdão de Deus aos pecados do ser humano desde que se arrependa sinceramente de suas faltas. A misericórdia de Jesus Cristo com a humanidade é uma demonstração do amor de Deus por seres tão pecadores e contraditórios como o ser humano; haja vista a entrada triunfal em Jerusalém e a morte de cruz de Jesus Cristo no Monte Calvário. Deus nos ama do jeito que cada um de nós somos o que o iguala a maioria dos pais e mães que amam seus filhos com todos os vícios e pecados e lutam pela sua cura e redenção. Deus nunca abandona seus filhos amados!
Por João Bosco de Melo e Sirlene Cristina Aliane – PASCOM
Dores de Campos, abril de 2019
Fotos: PASCOM