Com a graça de Deus já não temos uma Igreja alienada e alienante do contexto social, e tal fato se deve desde a época da Ditadura, quando a mesma (Igreja) reviu os seus conceitos ante o descalabro que ali acontecia e estabeleceu o critério que ela tem que estar onde o povo está e que tem que ter uma postura Política, pois o próprio Jesus Cristo teve esta postura ao se indispor contra o jugo romano e o farisaísmo judeu. Desde então a mesma vem a cada ano propondo um tema a ser refletido, a ser discutido de maneira plena, totalmente imbuído da realidade do povo. E o lançamento da Campanha que contem o tema é sempre lançado na quarta-feira de cinzas, pois se pretende ali, devido à própria sistemática que compõem a quaresma, que é a penitência advinda de uma maior reflexão, constatar a sua eficácia.
Este ano o tema escolhido pela CNBB foi: FRATERNIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA – A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA. Se observarmos o Salmo 84 há um pequeno trecho que diz: A verdade brotará da terra, e a justiça olhará do alto do Céu, portanto a Igreja que está ligada a Jesus não pode se fazer de surda aos clamores de seu povo, e para tanto tem que denunciar e cobrar uma atenção maior, se não para eliminar, pelo menos para minimizar. O Evangelho de Cristo, sempre, cobrou está postura de todos nós, ao jogar em nossos ouvidos a cada homilia, no sacrifício da Santa Missa, as verdades inquestionáveis e contundentes do Evangelho.
Muitos, desavisadamente, poderão interpretar de maneira errônea o tema sugerido, ao limita-lo a um ato policial mediante á violência explicita, tão comum hoje em dia, mas ele mais abrangente, pois contêm em si: a moradia de qualidade, educação, alimentação, enfim a inclusão social, vida plena para todos. Se observarmos gramaticalmente a palavra justiça, constataremos que a mesma advem do latim: iustitia, que significa: a virtude de dar a cada um aquilo que é seu por direito. Mas a campanha tem a responsabilidade de apontar para cada um de nós a responsabilidade dos problemas conjunturais, pois não podemos mais ficar reféns do paternalismo das entidades públicas, haja vista são as pastorais oriundas das paróquias.
Temos que constatar e aceitar, que a célula embrionária dos acontecimentos bons ou ruins que surtirão em acontecimentos bons ou ruins advêm na própria Família, e para tento temos que ficar atentos, pois se soubermos identificar pequenos problemas de disfunção no comportamento de nossas crianças e procurar resolvê-los, certamente as faremos cidadãs pautadas para o bem. A corrupção, promotora de todas as mazelas, as guerras, os atos infames, tiveram suas primícias lá atrás, na infância. Sem querer ser moralista, temos uma família onde a célula já não é composta, em muitos dos casos, de um pai e de uma mãe presentes e impositores de limites. Para tanto temos que rever nossas atitudes, principalmente, na banalização: da violência, do sexo, das drogas, da relação pais X filhos, marido X mulher, patrão X empregados, legislativos X judiciários X executivos, educador X educando X família do educando, pároco X paroquianos, Igreja Católica X outras denominações; enfim temos que aceitar que somos responsáveis, juntamente com as autoridades designadas, por toda a falência social que constatamos, e que para tanto se fez necessário o tema a ser abordado: FRATERNIDADE E SEGURANÇA PÚBLICA – A PAZ É FRUTO DA JUSTIÇA.
Temos de entender, de uma vez por todas, que a arrogância cega e surda terá que ser abolida dos nossos corações e de nossas intenções, e que o maior ato de violência é aquele que é imposto na maneira sorrateira dos pequenos gestos do dia a dia, quando de maneira sutil diminuímos o nosso semelhante, fazendo-o a acreditar que ele não é capaz, quando nas conversar impomos a nossa opinião em relação a um tema ali discutido. Portanto queridos paroquianos, a violência maior não é aquela que constatamos nos campos de batalha, mas aquela que decorre no anonimato silencioso do nosso dia a dia.
Fiquem com Deus. Boas reflexões, e que a partir de então mudemos, de verdade, a nossa posição em relação ao mundo em que vivemos.
Fiquem com Deus.
Texto de: João Bosco de Melo
Dores de Campos, 21 de fevereiro de 2009.
Oração da Campanha da Fraternidade
Bom é louvar-vos, Senhor, nosso Deus,
que nos abrigais à sombra de vossas asas,
defendeis e protegeis a todos nós, vossa família,
como uma mãe, que cuida e guarda seus filhos.
Nesse tempo em que nos chamais à conversão,
à esmola, ao jejum, à oração e à penitência,
pedimos perdão pela violência e pelo ódio
que geram medo e insegurança.
Senhor, que a vossa graça venha até nós
e transforme nosso coração.
Abençoai a vossa Igreja e o vosso povo,
para que a Campanha da Fraternidade
seja um forte instrumento de conversão.
Sejam criadas as condições necessárias
para que todos vivamos em segurança,
na paz e na justiça que desejais.
Amém