Católicos já eram os moradores do antigo povoado. Havia o terço em família, rezado ou cantado, as novenas, as trezenas, a desobriga, a missa celebrada três ou quatro vezes por ano, em um ou outro dos cruzeiros existentes à falta de igreja.
O sentimento religioso do povo e as dificuldades encontradas para a prática em comum dos atos religiosos, fizeram nascer a idéia da construção de uma capela filial à Matriz de Prados, sede da freguesia.
Parecia irrealizável essa idéia, pois o lugar ainda era pequeno. Mas o Capitão Vicente Teixeira de Carvalho, pessoa de destaque e prestígio, impulsionado pelo seu genro empreendedor, tomou a iniciativa e com sua direção construiu-se a Capela-Mor, primeira parte do projeto, sob a invocação de Nossa Senhora das Dores, ficando, por algum tempo, paralisadas as obras, mas passando a realizarem-se os atos religiosos.
A fim de levar a efeito a construção do corpo da Igreja, os membros da banda de musica “Nossa Senhora das Dores” prestaram relevante cooperação, pois deliberaram fazer uma excursão partiram eles no dia 1º de outubro de 1879, levando consigo os instrumentos e vasto repertório de escolhidas peças musicais, que executavam de lugar em lugar.
Depois de percorrerem Barbacena, Palmira (Santos Dumond), Piau, Rio Novo, Pomba, Santa Bárbara do Tugúrio e várias fazendas e povoados, regressaram no dis 30 do mesmo mês, trazendo, com rendimento líquido, a quantia de 1.600$ – Um conto e seiscentos mil reais.
Pôde então ser construído o corpo da Igreja, embora ainda em caráter provisório.
Eis os nomes desses beneméritos: os irmãos Agostinho Silva, Antônio Francisco da Silva e Francisco Sena, e os senhores Joaquim Justino da Silva, Pedro Teixeira da Silva, José Carlos da Silva, Antônio José da Silva e Juvêncio Antônio da Silva.
Só no ano de 1897 é que foi demolida a construção provisória e iniciada a definitiva, do corpo da igreja, sob a direção do Coronel José Justino da Silva, que exercia as funções de Procurador.
Merece consignar o gesto edificante de alguns cavalheiros, sem o qual a conclusão das obras não se realizaria facilmente. Mencionemo-lo: em 1892, deu-se nesta localidade a fundação de um grêmio dramático, de amadores, cujos membros, pessoas da melhor sociedade, entusiasmados com os primeiros resultados dos espetáculos, levados em barracão provisório, deliberaram construir um teatro. E de fato esse teatro foi construído quase inteiramente, pois ficou concluído por dentro e só faltou o revestimento externo. Nele deram-se muitos espetáculos…
E assim, em 1901, concluiu-se a igreja, que é nossa Matriz atual, sendo os serviços dirigidos pelos senhores Randolfo Teixeira de Carvalho e Antônio Justino da silva, ocorrido em 1899.
Nosso principal templo Católico tem sido reformado de tempos em tempos. Ainda agora, que se notarem frestas nas paredes da sacristia da direita de quem entra na Matriz, frestas que se tornavam cada vez maiores, empreendeu-se a reconstrução das referidas paredes e ao ensejo uma reforma geral de todo o edifício.
Foi uma iniciativa de boa hora e o trabalho realizou-se, transformando nossa Matriz em um templo suntuoso e moderno.
Essa obra devemo-la, os dorenses, ao distinto e estimado sacerdote que proficientemente dirige nossa paróquia. O reverendíssimo Padre ANTÔNIO DOS SANTOS.
Expedito e dinâmico, sua reverendíssima assumiu a direção dos trabalhos e levou-os a bom tempo, em tempo recorde.
NOSSA SENHORA DAS DORES
A Excelsa Padroeira
Em 1877, concluída já se achava a Capela-Mor, a mesma, sem nenhuma modificação, toda feita de taipa, da nossa Matriz atual. A padroeira, já escolhida quando apenas se falava na construção da igreja, seria, por vontade unânime da população, NOSSA SENHORA DAS DORES, cuja imagem havia sido prometida pelo distinto pradense senhor Manoel Gonçalves Assis, casado na família dorense.
De Fato, o precioso donativo realizou-se e a imagem da Virgem aqui chegou em 1879. é a mesma que se venera em nossa Matriz.
Vinculado à história de Dores de Campos, ficou, assim, o nome do senhor Manoel Gonçalves de Assis, de inesquecível memória.
Texto deste capítulo extraído em sua íntegra do livro NA TERRA DA FIGUEIRA ENCANTADA
Autor: José Lopes Pereira
Agradecemos a gentil doação da autorização de publicação de capítulos do livro HISTÓRIA DE DORES DE CAMPOS, de sua herdeira e detentora dos direitos autorais Professora Maria José Lopes.
Matriz de Nossa Senhora das DoresAltar da Matriz