Na língua portuguesa existem várias palavras que determinam aquilo que uma pessoa poderá ser, quando adulta, a saber: aptidão, tendência, vocação, porém, todos esses substantivos sugerem a determinação dos exemplos, ante a convivência com terceiros. No entanto há uma determinante, citada algumas vezes nas muitas homilias do Pe. Paulo Marcelo, que sugere algo mais profundo, asseverado por Jeremias 1,5: “Antes mesmo que foste formado no ventre de sua Mãe, Eu te conheci. Antes que conheceste a luz do mundo Eu te consagrei”. Então podemos intuir que a vida de todos tem uma razão que já está determinada, ante isso devemos estender a vida de Rodrigo e procurar entender no relato de sua biografia.
Numa quarta-feira, véspera de Corpus Christi do ano de 1983, mais precisamente no dia 1º de junho, nascia o segundo filho, para alegria do casal Inácio Firmiano Ladeira e Neuza Teixeira Coimbra. Todavia, em meio à alegria uma sutil preocupação apertava os corações de seus pais, pois tal menino era muito pequeno parecendo ser prematuro. Essa preocupação tornou-se uma agravante, pois aos dois meses foi vitimado por uma anemia profunda, sendo obrigado a ficar internado em um hospital, na cidade de Barbacena, por 17 dias. Conta a sua mãe que após, ele, receber alta e indo para casa sua saúde piorou, tendo que ser internado novamente. Contudo o médico que o atendia disse, para o desespero de seus pais, que não havia nada a se fazer. Enquanto sua mãe caminhava em direção à rodoviária, ele começou a se retorcer, revirando os olhos, perdendo todo o viço. Então, desesperada ela entra na Igreja Nossa senhora da Piedade e aos pés da bela imagem de Nossa Senhora faz uma pequena prece, dizendo: ”Querida Mãe Santíssima eu Lhe entrego meu pequeno filho. Ele é todo seu! Faça o que for melhor para ele!” Nesse momento as mãos de Rodrigo foram ficando aquecidas, um leve rubor foi se espalhando pelos seus lábios e rosto e ele sorriu! Após esse dia ele cresceu forte, nunca mais teve problemas de saúde, que preocupassem seus pais.
Mas a imprecisão da vida, tal como a um rio, foi desenhando o seu curso, e com isso vitimando acontecimentos fazendo com que uma crise conjugal separasse seus país, e com o tempo eles se embrenhassem em novos caminhos e refizessem suas vidas. Ela com José Orozimbo e ele com Maria do Carmo. Segundo o seu pai, até bem pouco tempo, achava que sua conduta arredia e bastante tímida fosse reflexo de um possível trauma, quando de sua separação com Neuza, apesar de saber que ele recebia o amor de ambos. Tanto que ele transitou toda a sua infância, adolescência e até os dias atuais entre os espaços deles. Quanto a isso eles nunca tentaram confundi-lo com pequenas intrigas, tão comum em casais que se separam e constituem uma nova vida. Não obstante, o tempo fez-se testemunha que sua conduta arredia não era trauma, mas sim, um estado contemplativo da vida e das coisas. Dos relacionamentos de seus pais teve a felicidade de ganhar 07 irmãos, sendo eles: Reinaldo, Rafael, Renato, Euler, Rian, João Cássio e Paulo.
Em tempo vale ressaltar a unanimidade de seus pais, quanto à demonstração de uma felicidade imensurável na sua vocação, para o sacerdócio. Para tanto os problemas enfrentados, certamente se tornarão exemplos de uma memória sentida na pele e não concebida nos livros.
Por João Bosco de Melo.
Dores de Campos, 09 de maio de 2016