Este ano, como em tantos outros pretéritos, a Semana Santa tem como pano de fundo além da Paixão e Morte de Jesus Cristo, o tema instituído pela CNBB “Fraternidade e a Superação da Violência”, para que tenhamos momentos de reflexão e oração na intenção de vicejarmos um futuro, quando a Cultura de Paz, seja algo palpável, não utópico e intuirmos que esses momentos não podem ser, banalmente, confundidos com festas, como tão bem asseverou Pe. Paulo Marcelo em todas as suas homilias.
Há 2.018 anos, quando o velho Simeão, ao ver o Menino Jesus, predisse a Maria:__Esse Menino será causa de quedas, soerguimentos e uma Espada de Dor traspassará o seu coração… constatamos o começo de uma mudança, para uma liberdade esperada. Para tanto, constatamos, nas muitas reflexões do Setenário das Dores de Maria, o ódio instaurado por Herodes, representando o poder abusivo, ante os boatos de que um novo Rei, um novo libertador havia nascido. A isso podemos elencar os milhões de crianças apáticas, de olhos vazios sem vicejar um futuro, vitimadas pelo descaso de uma minoria poderosa, que ao marchar para a frente deixa tantos para trás. Observamos o desterro da Sagrada Família, tal qual ao que constatamos hoje nas migrações de famílias, que ao procurar um lugar para viver com dignidades serem rechaçadas, humilhadas, tratadas como coisas e parafraseando uma canção, de protesto social, constatamos veementemente que “a carne mais barata do mercado é a carne humana”.
Ao observarmos na sequência das reflexões propiciadas por essa Santa Semana, constatamos a impossibilidade do encontro de Maria com Jesus, quando ao vê-lo a mesma não pôde abraçá-lo, socorrê-lo, pois estava impossibilitada pela brutalidade emanada de um poder que fazia do governador um covarde, quando num gesto de “lavar as mãos” deixava explicito o medo de perder as benesses, que esse propiciava. Hoje, apesar da elegância dos discursos rebuscados e pela bela indumentária constatamos que o tempo avançou, mas o mundo não mudou. Observamos que aquilo que incomoda é eliminado e pior, avalizado por uma corte que manipula o estado de direito, a serviço de uma minoria, tal qual o constatado ao longo dos anos.
Na procura de Maria por Jesus, antes do Gólgota, observamos a impossibilidade, a fragilidade dessa busca. Protagonizando esse papel constatamos inúmeras mães à procura de seus filhos acidentados violentamente pelo aliciamento das drogas, pelo ter fácil aquilo que não lhes pertencem, quantas, ainda hoje, enlouquecem nas Praças de Maio do mundo à procura do paradeiro desses, propiciado pela discrepância social, fabricante de todas essas mazelas.
No Cerimonial do Lava Pés constatamos a prática da redenção. Jesus em meio a toda fragilidade humana, representada por cada um de seus discípulos, institui a Eucaristia, fazendo-se um memorial vivo a cada Sacrifício da Missa e dando ao sacerdote o poder de transubstanciar o pão e o vinho em Seu Corpo e Sangue, além de ensinar ao mundo a interação maior da Boa Nova: cuidarmos um do outro com humildade, na lavação dos pés. A isso Francisco, nosso Santo Papa, vem insistentemente reforçando essa prática, que é somente através do cuidado, da caridade poderemos transformar o mundo no paraíso ignorado por Adão e Eva.
Na sexta-feira constatamos a solidão de Jesus Cristo no sofrimento da cruz, constatamos o ódio pelas maquinações dos poderosos, constatamos o abandono dos falsos amigos, mas, também, constatamos o extremo amor de uma mãe, de um amigo, de uma amiga, que apesar das ameaças, não o abandonaram. Em dias recentes constatamos a solidão de quem são exilados pelas famílias em abrigos impessoais! Quantos se encontram vitimados pelo câncer e doenças terminais e são abandonados pelas famílias! Quantos sofrem as moléstias morais e físicas propiciadas pelos encarceramentos dos presídios, sem um justo julgamento! Quantos se encontram vulneráveis aos desabrigos das grandes cidades, sem a expectativa de dias melhores! Para tanto o amor incondicional de Jesus por nós, denunciado no madeiro da Cruz, nos dá o alento necessário e nos aponta o caminho da ressurreição! O caminho de uma nova vida!
No sábado de Aleluia é demonstrado o caminho da salvação, propiciados pelas leituras do Antigo ao Novo Testamento, quando o Ciro Pascal começa da porta da matriz e vai até o presbitério iluminando todo o breu do interior da matriz, em preparação para a ressurreição tão esperada, demonstrando com isso que Jesus Cristo é a Luz do Mundo e que sem ele não há caminho, não há salvação. Após o cerimonial o Corpo de Jesus transubstanciado percorre e abençoa a cidade, através de uma breve procissão pelo quarteirão da matriz.
No Domingo da Ressurreição constatamos que Jesus venceu a morte e constatamos na pureza de Maria da Glória, que um novo caminho está aberto a todos nós. Que a morte não é o fim e a vida é apenas um aprendizado, para algo maior e melhor que há de vir!
Feliz Páscoa a todos, com a certeza que boas coisas hão de vir!
Por João Bosco de Melo – PASCOM
Dores de Campos, abril de 2018
Fotos: PASCOM
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